Expedição em caiaque de Fortaleza-CE a São Luís-MA

Já na minha primeira expedição de caiaque, uma volta na Ilha Grande, há mais de 20 anos atrás, fui arrebatado pela simplicidade e pelo potencial do caiaque de travessia. Uma embarcação aparentemente tão frágil, mas com uma capacidade de carga e de navegação fantásticas.

Desde então, fiz várias expedições pelo Brasil, acompanhado de amigos ou sozinho, e viciei na brincadeira. Há 14 anos eu trabalho exclusivamente com canoagem, fabricando caiaques e operando viagens e cursos, quase uma vida no mar. Depois do nascimento dos meus filhos, priorizei estar com eles, tive que me dedicar pro trabalho e as expedições longas acabaram se espaçando.

Hoje eles estão com 6 e 8 anos, a família já vive num ritmo mais tranquilo, foi quando recebi um chamado de Iemanjá: hora de voltar pro mar!

 

Projeto Brasil de Caiaque

Botei uma cenoura pra correr atrás, batizei o projeto de “Brasil de caiaque” e resolvi terminar a costa brasileira remando.  Partiu etapa Fortaleza a São Luís do Maranhão!

No meio de uma turbulenta greve dos caminhoneiros, consegui despachar meu caiaque pra Fortaleza e logo após ter trabalhado uma linda e divertida travessia de Cananéia a ilha do Mel, saí voando pra Fortaleza. O Iate Clube de Fortaleza me recebeu de braços abertos, como fez também há 10 anos atrás, quando terminei a expedição Recife a Fortaleza, com meu amigo Agnaldo.

Gente do mar, aqui me sinto em casa! O Wandeco, Comodoro Licínio, a Cinthya, o Maré (marinheiro que nos ajudou na última travessia), a Eve da ASUP e principalmente o Daniel (presidente da federação de vela), a Bruna sua mulher e as mascotes Mel e Tulipa, que me receberam em sua casa e não pouparam esforços pra ajudar nos últimos preparativos.

Aliás, descobri que não tinha trazido a base da vela, a estrela da travessia. Em conjunto com o Daniel e o Mikelly, o McGayver do Iate Clube, conseguimos construir uma base improvisada, que acho que vai funcionar… Me salvaram! Aguardando hoje uma entrevista com o Globo esporte do Ceará e hora de botar o Nanook, meu caiaque, na água!

 

Serão 700 km, planejados em 15 dias de remada, com muito surf e vento em popa😁. Isso que é vida!

 

fortaleza até maranhão remando em caiaque oceânico

Mapa do trajeto entre Fortaleza-CE e São Luís-MA

 

E um agradecimento especial ao Augusto Canabrava, da loja Arco e Flecha (www.arcoeflecha.com.br ) um encantado por canoagem, que está apoiando a viagem com equipamentos de primeira (óculos, GPS, barraca, lanterna, etc) , ao Giuliano e Werner da Thule, referência mundial em racks, suportes e agora mochilas, com uma mochila e duffle de primeira linha e a Eclipse Caiaques, onde mora meu coração. Apoie quem apóia o esporte!

 

Dia 1 – Taíba – 58 km

Acordei às 5:30 e dei os últimos retoques no caiaque, que eu já tinha deixado carregado na noite anterior. Tomei o café e as 6:30 estava na água, que sensação boa. Agora “só” falta remar…

O vento nessa região é mundialmente conhecido, como super previsível. O dia começa com terral (vindo da terra), que favorece os jangadeiros saírem pra pesca e vira pra leste mais tarde.

Escolhi a viagem em junho, por que a partir de julho, os ventos sobem muito de intensidade e começa a época mais seca do ano, o verão, como é chamado aqui, apesar de não bater com a estação do ano. Quando levantei a vela, lembrei o quanto era bom ver o barco deslizar rápido!

As 10:30 parei em Cumbuco, hoje point internacional de kite surf. Foram 30 km em 3 horas, 10 km/h de média, conforme esperado. Passei por baixo do terminal do Porto do Pecém e encostei em Taiba, em frente a um monte de jangadas paradas. Já juntou um monte de gente em volta 😁.

Um dos pescadores até falou que já tinha visto no Globo esporte a matéria que fizemos ontem. João e uns amigos, que estavam fazendo uma festa, já me puxou pra dentro e me preparou um prato, churrasco e cajuína. Não pude recusar a gentileza! Ele disse que gosta de ajudar os outros, por que essas ações sempre voltam. Bom que tem gente assim no mundo ainda!

 

 

Ele me falou de uma lagoa que o pessoal pratica kite surf, isolada, que me pareceu perfeita, chamada lagoa da Barra. Um velejador curioso me abordou no mar e confirmou a localização da lagoa.

Entrei com um pouco de surf, entre corais, puxei o caiaque praia acima e me deparei com uma lagoa linda, de água doce, com um monte de gente veleando de kite, febre no nordeste. Tomei um coco e um caldo de peixe na barraca do seu Luís, um português e fiquei conversando com a Lucileide, ou Lady, a garçonete, muito simpática.

No final me deixaram de guarda da barraca a noite e me deixaram até a chave do banheiro! Um luxo!

A vista da rede tá um espetáculo hoje!

 

Dia 2 – Taíba – Mundaú (63 km)

Sol aqui levanta cedo, as 5 já está claro. Atravessei a lagoa, desci o barranco de areia pra praia e sai com ondas no peito, por um intervalo nos recifes, por onde eu tinha entrado.

O medo é de dar de cara com um recife..a.o vento começou a trabalhar cedo também. Vento na faixa dos 20 nós, gera ondas e um mar que não dá pra relaxar muito. Quase virei 2 vezes, tentando regular a vela com uma mão e outra no remo fazendo apoio.

 

Fiz uma parada pra rizar (diminuir) a vela, com medo dela não resistir. Já tinha uma trinca na base, devido ao movimento lateral dela, com os fortes ventos. Ficou bem mais sob controle. As 10 parei em Lagoinha, tomei 2 cocos e uma porção de bolinha de peixe, curtindo a sonzeira da galera na praia de domingão.

Cada um com o seu som, no volume mais alto possível. Percebi que botar o som alto pra todos ouvirem é quase unanimidade aqui.

Um grupo de bike passou pedalando e um deles veio tirar uma foto comigo. Disse que tinha visto a reportagem no Globo esporte. Mais pra frente um kite surfista me abordou no meio do mar. Só não conseguiu tirar foto comigo 😁 ..tô ficando famoso… Globo tem muito alcance…

Tinha decidido continuar mais uma hora, quando ouvi um estalo. A base da vela tinha quebrado de vez… Caramba, estava indo tão bem. Assim que a abaixei, a peça de metal que a gente fez em Fortaleza se desprendeu e caiu em cima do caiaque, soltinha.

Quando eu me liguei, que ela poderia cair na água e a viagem toda estar comprometida, gelei! Com o mar agitadão, abri a saia com todo cuidado, pulei na água tentando não balançar o caiaque e consegui chegar na proa é agarrar a peça. Que sorte!

Essa operação toda levou uns 5 minutos, de total tensão. Desalaguei o caiaque, passei por uns recifes com ondas e entrei em Mundaú, pensando como eu ia resolver a encrenca. Os pescadores me levaram até o Zé Bastião, o prof Pardal da vila.

Resolvi fazer um reforço de fibra de vidro por baixo, que tinha trazido no kit de reparo e prender a peça do outro lado da ventosa. Parece que ficou forte.

Seu Zé tirou 3 cocos pra mim ainda, tomei banho de mangueira, serviu cafezinho e quando perguntei pra ele quanto eu devia, disse que era pela amizade. Acabei insistindo pra ele aceitar, que ele nem imaginava como foi importante a ajuda dele. Ficou até emocionado…

 

 

Por mais que a gente se prepare e tenha experiência anterior em inúmeras viagens, você nunca vai estar preparado pra 100% das coisas que estão por vir.

Um dos grandes motivos de stress de hoje em dia é a gente acreditar que pode controlar a sua vida, nos mínimos detalhes. O maior aprendizado de uma viagem de aventura como essa, é justamente treinar a sua cabeça, de como reagir numa situação de necessidade, sem os recursos ideais pra você resolver o seu problema, mas manter a calma, que a solução vai aparecer.

Quando é isso que você precisa, o velhinho de barbas brancas lá de cima, vai botar alguém no seu caminho pra te ajudar… tem que ter fé!

Janta, rede na varanda de uma pousada vazia e até amanhã.

 

Dia 3 – Mundaú – Itarema (ilha do Guajiru) (70 km)

Um pescador me ajudou levar o caiaque pra água de manhã e entrou na água pra largar uma rede de camarão, com 3 garrafas pet amarradas na cintura. Brasileiro é muito criativo mesmo. Quem não tem barco, bota a rede nadando!

Ventinho começou comportado e botei a vela a todo pano. A base da vela ficou ótima, que alívio. Hoje foi dia de remo groenlândes também, pra variar os músculos (e doer outros 😁).

O Nanook andando muito e parei já perto de Icaraí e fui dar uma olhada nos cataventos de perto. Impressionante o tamanho deles e a velocidade da pá.

Mais impressionante foi a quantidade de parques eólicos ontem e hoje. Queria saber pra onde vai essa energia toda. Rizei a vela de novo, que o vento apertou depois das 10. Vamos poupar o equipamento, que ele precisa chegar inteiro no final. A diferença de remar sem vela é monstruosa.

Olhando o mapa, resolvi dar uma esticada hoje, pra tentar chegar em Jericoacoara amanhã. Entrei na barra de Porto barco, atrás do único barco pesqueiro grande da viagem. Ele foi pra esquerda, contra vento e desisti de ir atrás. Tinha uma cabana de palha bem na barra e achei um homem dormindo dentro.

Acordei pra perguntar como se chamava aquele local e ele me disse África do sul… Caramba, errei feio a direção! Na verdade ele não me entendeu, era um africano mesmo.

Peguei o mar de novo, já bem agitado, tomei uma bela onda estourada na cabeça e por sorte sai ileso. Era grande… Vi uns kites depois da praia e imaginei que era uma lagoa, só que ia ter que carregar o caiaque através da língua de areia, uns 100m…

Parei em Itarema, cheio de gringos velejando, lugar bem bonitinho. Seu Toca me ofereceu o restaurante dele, que tava fechado, pra botar a rede, chuveiro, banheiro e até água gelada, um luxo! Com vista pra lagoa!

 

Jantei um peixe grelhado maravilhoso na pousada Barra da lagoa, falei com a família no whatsapp, vou alongar que tá tudo dolorido e amanhã tem mais!

Impressionante a invasão de gringos por essas bandas, desde a última viagem de Recife a Fortaleza, há uns 10 anos atrás. Com verão o ano inteiro e os ventos alísios constantes, que não falham um só dia, não é a toa que essa região virou um dos principais destinos de velejadores do mundo todo.

Pousadas aqui oferecem “garantia de vento”, se não você ganha outra estadia. Essas lagoas são perfeitas, com água morna, rasa, águas lisas, para os praticantes se esbaldarem. Pracinha super bem arrumada, várias pousadas requintadas, restaurantes bons… a vida mudou muito aqui nos últimos anos…

O restaurante do Toca tava perfeito pra dormir, lugar tranquilo, com uma brisa gostosa. No meio da noite, senti algo se aproximar em cima da rede, encostou em mim e levei um baita susto! Era um filhote de jegue curioso, que resolveu ver quem estava na rede e vieram compartilhar a noite comigo…😁

 

Dia 4 – Itarema – Jericoacoara (71 km)

As 5:30 da manhã, tinha acabado de clarear, apareceu um grupo de bike. Tinha barra forte, Ceci, bicicleta tunada, aro 29, de tudo! Todo mundo se divertindo. Não é como em SP, que só se pode pedalar com bike top 😁.

 

Aqui tem que se aproveitar antes do sol nascer, pois depois, é um sol pra cada um! Próximo ao equador, o sol aqui não brinca em serviço!

Saí cedo, pra aproveitar a maré começando a descer e fui tomar café da manhã na saída da lagoa. O mar tava um espelho também, sem onda nenhuma.

Nessa parte, o litoral fica no sentido leste-oeste e a ondulação vira amanhã pra leste, portanto passa ao largo e deve ficar mais tranquilo. Remada tranquila, vento mais manso, conforme a previsão. Fiz uma parada numa micro ilha, pra prender o elástico da vela que tinha soltado e aproveitei pra comer algo.

A dinâmica do dia que tem funcionado é sair cedo, parar pra comer algo lá pelas 10:30, com 3,5 horas no caiaque, que já vai ficando desajeitado. Aí outra puxada até o final.

No meio dia incrivelmente o vento parou. Que calor dos infernos! Depois de meia hora felizmente ele voltou, mas comportado. Antes de Acaraú, a água ficou cristalina também, bem bonito e raso, fui abrindo bastante da costa, pra passar pelos currais de peixe, que eles fazem um emendado no outro, com mais de 500m pra fora.

Lá na frente do pra ver um morro, que eu imaginei ser Jericoacoara. E era mesmo. Passei pela pedra furada e encostei na praia principal. Hordas de turistas! Descobri o canto dos pescadores e consegui deixar o caiaque lá, a salvo.

De repente, um êxodo começou : umas 300 pessoas indo ver o pôr do sol na duna de mesmo nome…

O que não são essas criações turísticas, pra ter o que vender, não? Um dos pescadores tem uma pousada e me fez um preço legal. Vou ficar amanhã descansando por aqui, andar nas dunas e conhecer a região, que parece ser bonita.

Rolê noturno pelas ruas de areia de Jeri e um quarto com lençóis branquinhos me esperando. Quando me olhei no espelho, reparei que meu braço tinha uma faixa com umas 300 picadas de mosquito. Provavelmente encostei no mosquiteiro e os bichinhos aproveitaram o banquete.

 

Dia 5 – dia livre em Jeri!

Blitz de jegue

Jericoacoara é uma “ilha” de turismo próspero, sempre cheia de turistas brasileiros e do mundo todo. E não é pra menos, geograficamente o lugar é lindo mesmo! Dunas, praias, lagoas, uma bela enseada com vento e ondas pra kite, windsurf, surf e sup, verão o ano todo, quase sem falhar o famoso por do sol de Jeri, no mar.

Só ruas de areia, pousadas, restaurantes e bares agitados todos os dias, com grande vida noturna. O restaurante Sabor da Tterra, do Pretinho, que me hospedou, o chão todo é de areia, por exemplo. Muito original.

Achei que eu ia dormir até mais tarde hoje, mas as 5 já estava de pé. Sai pra caminhar, passando pela duna do por do sol, pelo sítio (uma ex fazenda de um espanhol, que largou tudo e foi embora, onde os hippies formaram uma vila), por uma fazendinha onde ficam os cavalos que a galera anda nas dunas, até às dunas grandes.

 

 

Que coisa linda, que visual e que paz! Parecia uma miniatura dos Lençóis Maranhenses, com o vento levando a areia e ninguém lá, só eu. Apesar de perto, os turistas se amontoam nos buggys para irem pra alguma lagoa do paraíso da vida. Brasileiro não foi feito pra ecoturismo mesmo… Ainda bem!

😁

Passei num mercado local e comprei frutas, uvas Itália made in Ceará, a menos da metade do preço que se paga em SP.

O Pretinho, sua mulher a Renata, o Didi (um pescador de Preá, cidade vizinha, com olhos azuis, que disse ser de descendência holandesa há muitas gerações. inclusive São Luís chegou a ser da Holanda) e o Marcelo, um mineiro casado com a Vivi, prepararam um macarrão com lagosta, que tava uma delícia. Aí me convenceram a ir pescar com eles amanhã a uma da manhã e fomos à tarde, preparar o barco, com vela e motor de rabeta.

Teoricamente saio pra remar na volta, lá pelas 9, apesar da insistência de todos pra eu ficar… Final de tarde, churrasquinho no carrinho da mãe da Vivi, com mais de 30 anos de tradição.

Tá brava a decisão! Desse jeito acabo ficando uma semana aqui…

Dia 6 – Jeri – Guriú (10 km)

O dia começou cedo, o despertador tocou a 1 da manhã e parecia que eu tinha areia nos olhos. Peguei minhas coisas e fui encontrar o Pretinho, Didi, Marcelo e o Chico , um pescador bem experiente e aficionado por mar.

Time completo, motor de rabeta e lá fomos nós uma hora navegando mar adentro, sem uma luz, na lua nova, breu total. Todo mundo meio jogado por cima das redes ou no fundo da canoa, tentando dormir um pouco, enquanto o barco pulava nas ondas.

 

 

Um belo rastro de plâncton na água. Começamos a largar a rede as 4 da manhã, vários outros barcos pescando nos arredores tb. Marcelo e eu ainda tentamos pescar algo de linha, enquanto os outros dormiam de qualquer jeito.

Vento foi apertando no amanhecer e tava até friozinho, com ondas espirrando água pra dentro de vez em quando. As 6 começamos a recolher a rede e pegamos uns 20 serras, que foram divididos entre eles e mais uns peixinhos, um tanto fraca a pescaria e retornamos.

Mas os outros pescadores tb não tinham pescado muita coisa… Maré de lua nova, bastante correnteza, mas o que vale é a farra!

Almoçamos, abertura da copa, dei uma dormida e resolvi seguir viagem, aproveitando o vento favorável do fim do dia. Duro você decidir quando se tem opções interessantes nos 2 lados…

Me despedi da galera de Jeri e água até Guriú, já que não chegaria em Tatajuba de dia. Entrei na barra e parei na barraca da Mentinha, simples, mas super bem ajeitada. Seu marido, muito simpático tb, trabalha na balsa atravessando os carros, buggys e motos pelo rio.

Legal ver gente que faz as coisas bem feitas. Tem até internet aqui, isolado, no meio do mangue de frente pra praia.

Dona Mentinha ainda me ensinou como comer caranguejo. Tô ficando bom nisso, mas acho que vou ter que pedir mais umas 3 vezes o tal do caranguejo, pra praticar melhor…😁

 

Dia 7 – Guriú – Curimã (66km)

O mundo tá cada vez mais conectado… Não tem como fugir. Antigamente a gente fazia uma viagem dessas, tirava fotos e depois reunia os amigos num lugar, pra ver as fotos e vídeos, bater um papo… Hoje eu estou aqui, em Guriú, uma vila de pescadores, no mangue, de frente pra praia… com wi-fi, falando com a família com imagem e tudo!😁

 

 

A manhã foi quase sem vento, só suficiente pra deixar a vela armada. Um calor lascado. Parei antes de Camocim pra comer algo, mas com a maré descendo rápido, litoral muito raso e com pedras, logo ia ficar preso. Decidi fazer um lanche marítimo. Separei uvas, goiaba, maçã, queijo e botei no cockpit.

Apareceram 2 pescadores, que ficaram maravilhados com o caiaque: rapaz, mas é tão bonitinho, dizia um deles. Sentaram no caiaque, tiramos fotos, muito legal. Disseram que foi o acontecimento do dia! Parecia que tinham visto um ET (e na verdade é quase isso mesmo…😁)

 

 

Parei pra comer umas tirinhas de frango numa barraca da moda, em Maceió, com uns franceses e umas madames sentadas e pensei: vai sair caro!

Mas a comida aqui no Ceará é relativamente barata. Saiu R$ 14,00 a porção mais R$ 4,00 o coco (que geralmente é R$ 3,00). O caiaque ficou na beira d’água, lá longe… E como a maré sobe rápido, tive que sair correndo pra pegar o fujão.

Um monte de peixinhos no rasinho, saíam nadando por cima da água, quando eu me aproximava e saltavam as ondas. O vento aumentou e resolvi tocar pra frente. Passei por vários recifes marotos, à flor d’água, que podem fazer um bom estrago. Numa dessas zonas de pedras, tomei até umas ondas. O stress é saber se não tem pedra embaixo.

O final de dia é lindo, mas o problema é que como estou navegando pra oeste, o sol baixa bem na minha frente. Os óculos escuros polarizados, que ganhei do Canabrava da Arco e Flecha, foram essenciais. E de quebra, ainda flutuam!

Como estou sem relógio (outro que anda em extinção, com o smartphone), já acostumei com a posição do sol, para a hora de encostar. Por falar nisso, já tinha passado da hora… Apostei que ia ter algo depois da última ponta e acertei. Cheguei em Curimã as 5 da tarde.

Na passagem pela ponta ainda vi algo estranho, parecido com um boto, no meio das ondas. Seu Carlos falou que era um tubarão lixa, que fica naquela ponta. Povoado bem interessante, bem simples, mas tem uma represa de frente pra praia, pra comunidade nadar.

 

 

Pessoal muito simpático tb. Manoel me ofereceu a casa de um francês, que ele toma conta, mas eu preferi minha rede! As meninas da vila se juntam todo dia pra jogar futebol. Clube da Luluzinha! Os homens jogam no campo.

Aqui não pega celular, mas tem o Alan “Bill Gates”, que tem um computador com acesso a internet, que vai me dar uma mão. Vamos tentar dar um jeito no cartão da GoPro que encheu tb.

Dia 8 – Curimã – Luis Correia (50km)

Ontem à noite jantei no Carlos, um peixe serra excelente, mas como a mulher dele estava com o braço quebrado em Fortaleza, foi o peixe mais farinha. Depois fui com o Alan, o expert da internet em Curimã, tomar um sorvete na única vendinha que vendia sorvete. Arrumei a rede e desmaiei. De manhã ele arrumou um amigo pra trazer 2 pendrives pra descarregar as fotos da Go pro e deu pra formatar o cartão. Comprei pão do padeiro que vem de moto de Bitupitá e vai buzinando e acordando a vila toda. Aí tomei café com o Carlos, ficamos conversando sobre a cidade e suas particularidades.

 

Consegui sair com bem pouco vento, que estou vendo que é o padrão daqui em diante. O vento só começa às 11. O litoral é muito raso, com vários currais de peixe emendados uns nos outros, pra dentro do mar.

A baía de cajueiro do norte e Barra Grande são muito rasas e atravessei vários baixios quebrando onda e me despedi do Ceará. Entrei no Piauí… Barra grande é o lugar da moda aqui, mas resolvi passar reto, pela pouca profundidade. Dia chegando ao final e Luís Correia não chegava…

Vento aumentou e já estava meio de través e resolvi entrar na praia urbana de Atalaia, desembarcando com ondas, às 5 da tarde. Minha preocupação era achar um lugar seguro e encontrar um mercado pra fazer compras, a partir de amanhã, entro no delta do Parnaíba e Lençóis Maranhenses, provavelmente com menos sinal de telefone e vilas. Seu Medeiros, dono da barraca La-Rond há 44 anos, ficou maravilhado com a minha história.

A família toda trabalha na barraca, uma das mais organizadas da orla, já falou onde armar a rede, já mandou fazer um prato de comida ,senha do wifi e ficamos conversando. Paulo, seu genro, se ofereceu pra me levar no mercado. Pessoal gente boa demais! Ele tem uns projetos sociais, inclusive um time de futebol de anões, os gigantes do norte. Ficou curioso? Dá uma gugada!

Dia 9 – Luis Correia – ilha do Caju, delta do Parnaíba (67 km)

Bem que o seu Medeiros avisou… Domingo era dia de excursão. Às 5 da manhã, um indivíduo me bota a lanterna na cara, perguntando que horas a barraca abria. Encostou um ônibus de evangélicos (pelo menos não estavam bêbados) e já saíram no maior fuzuê. Eles saem as 22 de Teresina, pra passar o dia na praia e voltam às 3. Trazem a farofa e a galinha, não consomem quase nada no bar, mas mesmo assim, Seu Medeiros arranja um lugar pra eles se sentarem nas mesas e usar banheiro/chuveiro, etc.

O jeito é trabalhar! Passei o quebra mar e aproveitei que o vento vem de terra de manhã, pra fazer até a Barra do Rio Parnaíba de manhã, uma das 5 barras do delta do Parnaíba. Chegando perto, comecei a ver ondas entrando mar adentro e resolvi tomar a decisão mais conservadora, indo beirando a praia. Do caiaque é sempre complicado enxergar o canal, pois você tá quase no nível da água, sempre uma situação de alerta.

Bonito o lugar, bem amplo. Comi algo e sai pro mar de novo, mas agora já em águas maranhenses.

O pequeno litoral piauiense ficou pra trás. Vim navegando paralelo à praia, quando avistei mais um monte de ondas… Chegando na barra da ilha do caju. Entrei surfando de vela mesmo e me deparei com o lugar mais raso que eu vi na vida. Mais de 1 km da costa, tinha 10 cm de água.

 

 

 

Tomei um baile pra sair do labirinto de lagos, mas foi muito interessante. Tive que abrir lá fora, numa ponta de Areia que ia embora mar adentro. Como ia parar em lugar isolado hoje mesmo, fui até o sol baixar, aproveitando o vento bom. Numa das paradas pra dar uma esticada, na água mesmo, fiquei olhando aquela praia infinita, o marzão, meu caiaquinho ridículo de pequeno… Subi logo de volta e vamos remar…para com pensamento besta! 😁

Encostei perto de uma duna, rezando pra ter água doce e tive uma bela surpresa: um monte de lagoas lindas, no meio de dunas, com um por do sol lindo. Montei a barraca hoje, patrocínio da Arco e Flecha, fiz um macarrãozinho e fui dormir

 

Dia 10 – Ilha do Caju – Caburé (64 km)

As dunas são lindas de se ver, lagoas, por do sol no horizonte, areia voando… Aliás, muita areia voando! No caiaque, na mochila, na barraca… Por qualquer fresta ela entra. Até que consegui fazer a janta sem estar crocante.

 

Vento bom pela manhã e as 9 cheguei na Barra das Melancieiras, no final da ilha do caju. Descobri ontem a noite, que o Google Maps funciona sem sinal e me ajudou a encontrar o furo (passagem) por dentro do mangue, pra cortar a ponta da ilha, que pelo jeito era bem rasa e com bancos de areia.

Saindo do mangue, deu pra ver Tutóia, mas como o vento estava de leste, resolvi seguir aberto, pra ver onde eu conseguia chegar. Fui contornando várias arrebentações no meio do mar, e em frente a Paulino Neves, tive que desviar a rota, pra sair de um banco quebrando ondas grandes.

Em 2000 fizemos com amigos o delta de barco, os pequenos e os grandes Lençóis caminhando. Minha surpresa foi encontrar um parque eólico nos pequenos Lençóis, teoricamente uma APA. Já estava cansado e o vento apertou pra uns 20 nós, deixando o mar “divertido”.

Tomei uma onda bem no focinho, que pareceu um tapa na cara. Pelo ângulo do vento, eu ia chegar no meio dos cataventos. Fui até aproximar da praia e resolvi arriscar chegar em Caburé, quase na foz do Rio preguiça, metendo remo com fé na água.

Energia chegando ao final, quando avistei o farol de Mandacaru, oba, estou perto! Aportei com ondas numa pousada que parecia vila abandonada de velho oeste. Achei o Léo, que fez um belo robalo na brasa, pra dormir feliz!

 

 

Começou o primeiro dia de chuva da viagem e choveu bem a noite. Armei a rede debaixo de um rancho de palha, que me fez armar o toldo, por que pingava por todo lado. No final foi uma noite bem dormida. Diazinho comprido, mas valeu o esforço. Amanhã devo ficar por aqui e dar uma volta por Mandacaru e Atins.

Provavelmente daqui até São Luís, não devo mais ter internet.

Dia 11 – Caburé – Atins (7 km)

Seu Paulo, dono da pousada, me convidou pro café. Fui remando pra Mandacaru debaixo de chuva e cheguei no porto e já juntou um monte de gente. O rapaz da banca de pinga já me ofereceu café, Genildo do restaurante Maria Eduarda me ofereceu um doce de Buriti.

 

Almocei por lá mesmo, uma tainha frita com baião de dois, que tava uma beleza. Fiquei conversando com os pescadores e fui visitar o seu Catarino, uma das figuras famosas de Mandacaru, que já participou do livro do Araquém de Alcântara e de vários reportagens da Globo, foto com Malu Mader e tudo mais.

 

Sr. Catarino

 

Na nossa caminhada de 2000 dormimos lá na casa dele. Continua com a mesma simpatia e disposição, com 89 anos. Claro que a vila não tinha um terço do tamanho que ela está hoje…

De repente deu uma inundação de turistas, que vem nas lanchas de Barreirinhas, desembarcam e saem correndo pro farol e voltam pros barcos, pra ir almoçar em Caburé. Parece um vendaval com hora pra começar e hora pra terminar. Fui dar uma volta pela cidade, ruas de areia fofa, quadriciclos por toda parte e uma criançada indo pra escola, que já fiz graça com eles com a máquina fotográfica. Todos queriam tirar foto e foi difícil convencer eles a entrar pra aula.

Fiquei conversando com as meninas do posto de saúde e subi na farol, já sem turistas. Que vista maravilhosa, os Lençóis, o mar, o mangue, a vastidão de tudo aqui no Maranhão. Parti pra Atins as 16:30, fiz ainda uma graça pra galera com uns rolamentos, que saíram até aplaudindo. Parei no bar do Assis, com um lindo por do sol, tomei um coco, já me arrumou um lugar pra rede (aqui ninguém nega de esticar uma rede) e fui dar uma volta em Atins.

Ruas de areia, pousadas caras de franceses e europeus, misturada com negócios locais, tudo em harmonia. Muito legal o lugar. Cresceu muito desde 2000… Voltei pro bar, fiz umas tapiocas e fiquei conversando com o Romário , filho do Assis e amigos, que tavam “pegados” numa branquinha. Perguntei pra eles se os quadriciclos não eram caros e responderam que eram bastante, por volta de uns R$35.000, valor de uma pick up Toyota. Apesar disso, todo mundo lá tem um.

O Tio deles me contou, que alugou o dele pra um gringo por uma tarde e ganhou R$700 em algumas horas. Apesar de tudo em harmonia, o turismo afetou profundamente o modo de vida dos locais. Em Atins não havia miséria, o dinheiro é abundante por lá.

A pousada mais cara chega a custar mais de R$1500 a diária, sendo que há 10 anos atrás, havia apenas 3 pousadas e não se pagava mais de R$25 pra dormir. Os tradicionais barcos a vela maranhenses (os mestres na navegação à vela, simplesmente sumiram e deram lugar á rabeta, o motor de popa e às lanchas.

Só veleja quem não tem condição pra comprar motor. Dá dó de ver a cultura se extinguindo assim, mas é a “evolução”… ali próximo, um amigo que trabalha com educação ambiental, visitava uma família de 7 pessoas, sustentada pelo pai, que faz chapéus de palha pra vender, a R$0,50 cada, conseguindo produzir 90 chapéus por mês. A prosperidade não é pra todos…

Amanhã tem Lençóis de caiaque

 

Dia 12 – Atins – aldeia de pescadores Travosa (81km)

Antes do sol raiar, estava na água, pronto pra sair. Me disseram que tinha uma saída pra esquerda da barra principal e sai feliz por ela. Apesar da maré subindo, a corrente tava favorável pra sair, e deveria ser só contrário.

 

Achei estanho, mas a gente acaba não querendo ver as evidências, quando quer que algo aconteça… Como a maré estava baixa demais ainda, não sobrou canal pro mar e a água estava entrando de onde eu vim mesmo, enchendo o canal até conectar com o mar, aí inverte o sentido… Um casal de pescadores me falou que eu teria que esperar até às 10 pra sair. Resolvi voltar e sai na barra principal mesmo, por dentro da arrebentação, que pro caiaque é tranquilo.

Pra uma canoa é impensável, que é a referencia deles. O vento ajudou bem hoje é apesar de não achar que ia chegar, deu no grito. Foram mais de 70 km de exatamente a mesma paisagem, da praia infinita dos Lençóis. Muitas cabanas de pescadores no litoral. Vi uma torre atrás das dunas e fiquei animado, devia estar chegando em Travosa. Encontrei uns pescadores, que me falaram que era logo ali. Remei mais de hora, a torre passou faz tempo e finalmente cheguei na entrada da barra.

Mas cadê a cidade? Os pescadores me alcançaram no rio e me deram uma carona. Falaram que Travosa estava a 1,5 horas voltando pelo rio. Aí eles pararam perto de uns ranchos, pra vender o peixe pra um comprador numa Toyota. Eles moram nesses ranchos durante a semana, pescando e voltam pra cidade no final de semana. Cada rancho é de uma canoa e nessa comunidade pesqueira são 8.

Me falaram que quando está tudo mundo, tem até futebol. Eles dormem no primeiro andar, em redes, pois não voa areia longe do chão. A água vem das lagoas e do poço que eles cavam, água cristalina. Já tinha ouvido do Besouro, pescador de Atins, que eles são muito receptivos e já me adotaram na família.

Nem me perguntaram e já estavam fazendo o rango pra todos. Peguei um macarrão, molho e goiabada de sobremesa, pra contribuir. Todo mundo divide tudo, sem mimimi, bem interessante. Na pesca, metade da safra do dia é do dono do barco e a outra metade é dividida entre os pescadores, que geralmente trabalham em 3.

 

 

Naquele dia tinha pescado 90 kg de peixe, que a R$3/kg, dá R$270. R$135 vai pro barco e sobra R$45 pra cada um no final do dia. E quando a Toyota não vem pra comprar o peixe, eles ficam sem pra quem vender, já que não conseguem armazenar o pescado. A Toyota por sua vez sai de Primeira Cruz e anda umas 3 horas pelas dunas, pra coletar o peixe dos pescadores.

Nada é fácil por aquelas bandas… fiquei pensando no outro, que ganhou R$700, pra alugar o quadriciclo por 4 horas, sentado no bar, tomando pinga…

Chegando perto do final, já vai dando saudade da patroa e dos pimpolhos. Estamos chegando!

 

Dia 13 – Travosa – ilha do Carrapatal (58 km)

O pessoal da minha família veio me chamar as 3 da manhã, perguntando se eu queria uma carona até o mar. Agradeci, mas eu disse que ia sair com o sol. Família é família, não deixa ninguém pra trás! Os caras são ponta firme!

 

A família vizinha acabou não saindo pra pescar, que a canoa tinha ficado encalhada no seco e tomei café com eles. Já tirei a metade do melão que o Pretinho me deu no Ceará, pão doce do Piauí… Café da manhã continental. Um deles ficou maravilhado com a proa do Nanook, ficava olhando ele de frente, deitado na areia… Isso deve cortar muita água, ele dizia. Tirei umas fotos da comunidade, me preparei e antes de ir, teve outra demonstração de rolamento.

Eles racharam de dar risada, parecia mágica! Decidi ir por fora da ilha de Santana, pra aproveitar o vento e não pelos furos, mais abrigados. Ia dar um cruze de mais de 20 km. Olhei pra ponta mais de fora que eu vi e mandei bala. Com uma hora e pouco a ponta chegou, pensei: nossa, estou voando! Aí lembrei das corridas de aventura e de uma máxima, que sempre estava certa: na dúvida, vc sempre está mais pra trás do que vc acha que está.

Olhei com cuidado e vi outra ponta bem plana pra direita, com um farol, na casa do chapéu… Agora sim é a ponta certa. Tive que remar no limite do ângulo que o vento me permitia, por mais uma hora e quase chegando tive que baixar a vela e atravessar 3 arrebentações de bancos de areia, com vento e corrente contra. Foi um trabalho hérculo. Impossível remar contra a maré e vento aqui.

3 peixes espada (guaravira aqui) atropelaram meu caiaque e hoje um quase levou meu chapéu. Sorte que estava de óculos, que o bicho tem uns dentões… ilhas são lindas aqui, parecia Caribe. Areia branca, vegetação do mangue por trás, águas claras e cheio de guarás vermelhos. Totalmente inexplorado.

Na pontinha da ilha de Santana, parei noutro rancho de pescadores, pra perguntar sobre o caminho. Mesma reação: já me ofereceram café, cozido de peixe e farinha. O prato e a caneca estavam pretos por dentro, mas faz parte do tempero local… Não recusei e deixei umas comidas que iam sobrar com eles.

Eram 3 da tarde e resolvi ir até a próxima ilha. Como são todas baixas, não se consegue ver São Luís ainda. Parei perto de um mangue com o sol que se pondo e um pescador, seu Chagas, já me convidou pra ficar no rancho deles. Mesmo esquema, rango comunitário, camarão seco, água doce de poço pra banho (dessa vez água bem escura de mangue) e a velha frase: é muita coraaaagem!

Última noite, amanhã estou em São Luís e a Neuzza e André da ecotrip canoagem preparam uma recepção, entrevista, etc. Virando pop star!

Dia 14 – Ilha do Carrapatal – São Luís, (62km) – o Final!

Último dia! Antes de sair resolvi checar o GPS, pra ver qual era a direção a seguir, já que as informações do pessoal estava divergentes. A direção era mesmo pro meio do mar, sem visual nenhum da ilha de São Luís.

Cruzei com uns botos pescando logo na saída e embiquei meio pra oeste, no cheiro, indicação de uns pescadores no meio do caminho, que São Luís era pra lá…😁 Foi o dia que menos ventou hoje. A travessia foi num calor dos infernos. Depois de 1,5 horas de remada, deu a impressão de começar a ver a ilha. Até que foi rápida, a maré enchendo estava ajudando.

Parei na ilha de Curupu (ou ilha do Sarney) pra comer algo e o vento começou! Ufa! Mais 30 km bem mais tranquilos, apesar da corrente ter virado contra. Aqui corrente faz muita diferença, visto que é a maior variação de maré do Brasil, chegando a espantosos 7 metros de desnível.

Quando cheguei no lugar combinado, a galera da ecotrip canoagem estava me esperando, com recepção e tudo! Valeu Neuzza e André por organizarem tudo. Acho que foi a minha primeira expedição com recepção no final.

Que sentimento bom chegar no final de um desafio desses. é uma experiência intensa, um aprendizado pra vida, que tudo mundo deveria ter a chance de experimentar. Se alguém dos seguidores da viagem se lançar na sua própria viagem, já vai ter valido a pena! Coragem pra viver a sua própria aventura.

Agradeço às minha família, que sempre me apoiou, a Eclipse Caiaques, a Thule, a loja Arco e Flecha pelo apoio, e por todos que ajudaram e participaram de algum modo e especialmente ao Bruno Marques, pela ajuda nas postagens da viagem, que possibilitou a todos acompanhar.

Hoje ainda sobrou gás pra curtir uma festa junina maranhense e vamos pra festa do boi!