Expedição Fortaleza – São Luís, dia 11
Seu Paulo, dono da pousada, me convidou pro café. Fui remando pra Mandacaru debaixo de chuva e cheguei no porto e já juntou um monte de gente. O rapaz da banca de pinga já me ofereceu café, Genildo do restaurante Maria Eduarda me ofereceu um doce de Buriti.
Almocei por lá mesmo, uma tainha frita com baião de dois, que tava uma beleza. Fiquei conversando com os pescadores e fui visitar o seu Catarino, uma das figuras famosas de Mandacaru, que já participou do livro do Araquém de Alcântara e de vários reportagens da Globo, foto com Malu Mader e tudo mais.
Na nossa caminhada de 2000 dormimos lá na casa dele. Continua com a mesma simpatia e disposição, com 89 anos. Claro que a vila não tinha um terço do tamanho que ela está hoje…
De repente deu uma inundação de turistas, que vem nas lanchas de Barreirinhas, desembarcam e saem correndo pro farol e voltam pros barcos, pra ir almoçar em Caburé. Parece um vendaval com hora pra começar e hora pra terminar. Fui dar uma volta pela cidade, ruas de areia fofa, quadriciclos por toda parte e uma criançada indo pra escola, que já fiz graça com eles com a máquina fotográfica. Todos queriam tirar foto e foi difícil convencer eles a entrar pra aula.
Fiquei conversando com as meninas do posto de saúde e subi na farol, já sem turistas. Que vista maravilhosa, os Lençóis, o mar, o mangue, a vastidão de tudo aqui no Maranhão. Parti pra Atins as 16:30, fiz ainda uma graça pra galera com uns rolamentos, que saíram até aplaudindo. Parei no bar do Assis, com um lindo por do sol, tomei um coco, já me arrumou um lugar pra rede (aqui ninguém nega de esticar uma rede) e fui dar uma volta em Atins.
Ruas de areia, pousadas caras de franceses e europeus, misturada com negócios locais, tudo em harmonia. Muito legal o lugar. Cresceu muito desde 2000… Voltei pro bar, fiz umas tapiocas e fiquei conversando com o Romário , filho do Assis e amigos, que tavam “pegados” numa branquinha. Perguntei pra eles se os quadriciclos não eram caros e responderam que eram bastante, por volta de uns R$35.000, valor de uma pick up Toyota. Apesar disso, todo mundo lá tem um.
O Tio deles me contou, que alugou o dele pra um gringo por uma tarde e ganhou R$700 em algumas horas. Apesar de tudo em harmonia, o turismo afetou profundamente o modo de vida dos locais. Em Atins não havia miséria, o dinheiro é abundante por lá.
A pousada mais cara chega a custar mais de R$1500 a diária, sendo que há 10 anos atrás, havia apenas 3 pousadas e não se pagava mais de R$25 pra dormir. Os tradicionais barcos a vela maranhenses (os mestres na navegação à vela, simplesmente sumiram e deram lugar á rabeta, o motor de popa e às lanchas.
Só veleja quem não tem condição pra comprar motor. Dá dó de ver a cultura se extinguindo assim, mas é a “evolução”… ali próximo, um amigo que trabalha com educação ambiental, visitava uma família de 7 pessoas, sustentada pelo pai, que faz chapéus de palha pra vender, a R$0,50 cada, conseguindo produzir 90 chapéus por mês. A prosperidade não é pra todos…
Amanhã tem Lençóis de caiaque