Expedição Fortaleza – São Luís, dia 2

24/05/2019

Sol aqui levanta cedo, as 5 já está claro. Atravessei a lagoa, desci o barranco de areia pra praia e sai com ondas no peito, por um intervalo nos recifes, por onde eu tinha entrado.

O medo é de dar de cara com um recife…o vento começou a trabalhar cedo também. Vento na faixa dos 20 nós, gera ondas e um mar que não dá pra relaxar muito. Quase virei 2 vezes, tentando regular a vela com uma mão e outra no remo fazendo apoio.

 

Fiz uma parada pra rizar (diminuir) a vela, com medo dela não resistir. Já tinha uma trinca na base, devido ao movimento lateral dela, com os fortes ventos. Ficou bem mais sob controle. As 10 parei em Lagoinha, tomei 2 cocos e uma porção de bolinha de peixe, curtindo a sonzeira da galera na praia de domingão.

Cada um com o seu som, no volume mais alto possível. Percebi que botar o som alto pra todos ouvirem é quase unanimidade aqui.

Um grupo de bike passou pedalando e um deles veio tirar uma foto comigo. Disse que tinha visto a reportagem no Globo esporte. Mais pra frente um kite surfista me abordou no meio do mar. Só não conseguiu tirar foto comigo 😁 ..tô ficando famoso… Globo tem muito alcance…

Tinha decidido continuar mais uma hora, quando ouvi um estalo. A base da vela tinha quebrado de vez… Caramba, estava indo tão bem. Assim que a abaixei, a peça de metal que a gente fez em Fortaleza se desprendeu e caiu em cima do caiaque, soltinha.

Quando eu me liguei, que ela poderia cair na água e a viagem toda estar comprometida, gelei! Com o mar agitadão, abri a saia com todo cuidado, pulei na água tentando não balançar o caiaque e consegui chegar na proa é agarrar a peça. Que sorte!

Essa operação toda levou uns 5 minutos, de total tensão. Desalaguei o caiaque, passei por uns recifes com ondas e entrei em Mundaú, pensando como eu ia resolver a encrenca. Os pescadores me levaram até o Zé Bastião, o prof Pardal da vila.

Resolvi fazer um reforço de fibra de vidro por baixo, que tinha trazido no kit de reparo e prender a peça do outro lado da ventosa. Parece que ficou forte.

Seu Zé tirou 3 cocos pra mim ainda, tomei banho de mangueira, serviu cafezinho e quando perguntei pra ele quanto eu devia, disse que era pela amizade. Acabei insistindo pra ele aceitar, que ele nem imaginava como foi importante a ajuda dele. Ficou até emocionado…

 

 

Por mais que a gente se prepare e tenha experiência anterior em inúmeras viagens, você nunca vai estar preparado pra 100% das coisas que estão por vir.

Um dos grandes motivos de stress de hoje em dia é a gente acreditar que pode controlar a sua vida, nos mínimos detalhes. O maior aprendizado de uma viagem de aventura como essa, é justamente treinar a sua cabeça, de como reagir numa situação de necessidade, sem os recursos ideais pra você resolver o seu problema, mas manter a calma, que a solução vai aparecer.

Quando é isso que você precisa, o velhinho de barbas brancas lá de cima, vai botar alguém no seu caminho pra te ajudar… tem que ter fé!

Janta, rede na varanda de uma pousada vazia e até amanhã.

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