Expedição Fortaleza – São Luís, dia 3
Um pescador me ajudou levar o caiaque pra água de manhã e entrou na água pra largar uma rede de camarão, com 3 garrafas pet amarradas na cintura. Brasileiro é muito criativo mesmo. Quem não tem barco, bota a rede nadando!
Ventinho começou comportado e botei a vela a todo pano. A base da vela ficou ótima, que alívio. Hoje foi dia de remo groenlândes também, pra variar os músculos (e doer outros 😁).
O Nanook andando muito e parei já perto de Icaraí e fui dar uma olhada nos cataventos de perto. Impressionante o tamanho deles e a velocidade da pá.
Mais impressionante foi a quantidade de parques eólicos ontem e hoje. Queria saber pra onde vai essa energia toda. Rizei a vela de novo, que o vento apertou depois das 10. Vamos poupar o equipamento, que ele precisa chegar inteiro no final. A diferença de remar sem vela é monstruosa.
Olhando o mapa, resolvi dar uma esticada hoje, pra tentar chegar em Jericoacoara amanhã. Entrei na barra de Porto barco, atrás do único barco pesqueiro grande da viagem. Ele foi pra esquerda, contra vento e desisti de ir atrás. Tinha uma cabana de palha bem na barra e achei um homem dormindo dentro.
Acordei pra perguntar como se chamava aquele local e ele me disse África do sul… Caramba, errei feio a direção! Na verdade ele não me entendeu, era um africano mesmo.
Peguei o mar de novo, já bem agitado, tomei uma bela onda estourada na cabeça e por sorte sai ileso. Era grande… Vi uns kites depois da praia e imaginei que era uma lagoa, só que ia ter que carregar o caiaque através da língua de areia, uns 100m…
Parei em Itarema, cheio de gringos velejando, lugar bem bonitinho. Seu Toca me ofereceu o restaurante dele, que tava fechado, pra botar a rede, chuveiro, banheiro e até água gelada, um luxo! Com vista pra lagoa!
Jantei um peixe grelhado maravilhoso na pousada Barra da lagoa, falei com a família no whatsapp, vou alongar que tá tudo dolorido e amanhã tem mais!
Impressionante a invasão de gringos por essas bandas, desde a última viagem de Recife a Fortaleza, há uns 10 anos atrás. Com verão o ano inteiro e os ventos alísios constantes, que não falham um só dia, não é a toa que essa região virou um dos principais destinos de velejadores do mundo todo.
Pousadas aqui oferecem “garantia de vento”, se não você ganha outra estadia. Essas lagoas são perfeitas, com água morna, rasa, águas lisas, para os praticantes se esbaldarem. Pracinha super bem arrumada, várias pousadas requintadas, restaurantes bons… a vida mudou muito aqui nos últimos anos…
O restaurante do Toca tava perfeito pra dormir, lugar tranquilo, com uma brisa gostosa. No meio da noite, senti algo se aproximar em cima da rede, encostou em mim e levei um baita susto! Era um filhote de jegue curioso, que resolveu ver quem estava na rede e vieram compartilhar a noite comigo…😁