Expedição Fortaleza – São Luís, dia 13
O pessoal da minha família veio me chamar as 3 da manhã, perguntando se eu queria uma carona até o mar. Agradeci, mas eu disse que ia sair com o sol. Família é família, não deixa ninguém pra trás! Os caras são ponta firme!
A família vizinha acabou não saindo pra pescar, que a canoa tinha ficado encalhada no seco e tomei café com eles. Já tirei a metade do melão que o Pretinho me deu no Ceará, pão doce do Piauí… Café da manhã continental. Um deles ficou maravilhado com a proa do Nanook, ficava olhando ele de frente, deitado na areia… Isso deve cortar muita água, ele dizia. Tirei umas fotos da comunidade, me preparei e antes de ir, teve outra demonstração de rolamento.
Eles racharam de dar risada, parecia mágica! Decidi ir por fora da ilha de Santana, pra aproveitar o vento e não pelos furos, mais abrigados. Ia dar um cruze de mais de 20 km. Olhei pra ponta mais de fora que eu vi e mandei bala. Com uma hora e pouco a ponta chegou, pensei: nossa, estou voando! Aí lembrei das corridas de aventura e de uma máxima, que sempre estava certa: na dúvida, vc sempre está mais pra trás do que vc acha que está.
Olhei com cuidado e vi outra ponta bem plana pra direita, com um farol, na casa do chapéu… Agora sim é a ponta certa. Tive que remar no limite do ângulo que o vento me permitia, por mais uma hora e quase chegando tive que baixar a vela e atravessar 3 arrebentações de bancos de areia, com vento e corrente contra. Foi um trabalho hérculo. Impossível remar contra a maré e vento aqui.
3 peixes espada (guaravira aqui) atropelaram meu caiaque e hoje um quase levou meu chapéu. Sorte que estava de óculos, que o bicho tem uns dentões… ilhas são lindas aqui, parecia Caribe. Areia branca, vegetação do mangue por trás, águas claras e cheio de guarás vermelhos. Totalmente inexplorado.
Na pontinha da ilha de Santana, parei noutro rancho de pescadores, pra perguntar sobre o caminho. Mesma reação: já me ofereceram café, cozido de peixe e farinha. O prato e a caneca estavam pretos por dentro, mas faz parte do tempero local… Não recusei e deixei umas comidas que iam sobrar com eles.
Eram 3 da tarde e resolvi ir até a próxima ilha. Como são todas baixas, não se consegue ver São Luís ainda. Parei perto de um mangue com o sol que se pondo e um pescador, seu Chagas, já me convidou pra ficar no rancho deles. Mesmo esquema, rango comunitário, camarão seco, água doce de poço pra banho (dessa vez água bem escura de mangue) e a velha frase: é muita coraaaagem!
Última noite, amanhã estou em São Luís e a Neuzza e André da ecotrip canoagem preparam uma recepção, entrevista, etc. Virando pop star!😁